Post 29 De Janeiro De 2019

Ao falar em público, muita gente cai neste vício de linguagem sem perceber.

Treinar a apresentação – visando à clareza – é vital ao profissional, indica o professor Diogo Arrais.

Em muitos discursos, percebe-se o emprego sequencial de terminadas pelo mesmo som, gerando um vício de linguagem: o Eco. No meio jurídico, é comum esta construção:

“Primeiramente, o contrato não foi efetivamente estabelecido. Infelizmente!”

No lugar de tantas palavras finalizadas em “-mente”, o orador poderia ter refletido sobre outras formas. Por isso, treinar a apresentação – visando à clareza – é vital ao profissional.

São muitos os falantes e os escritores que usam o advérbio “primeiramente”, que pode ser substituído por “antes de tudo” ou “em primeiro lugar”, caso haja a necessidade.

Ao iniciarmos uma fala, tal expressão pode ser dispensada, sem haver prejuízo algum:

“Primeiramente, o dolo corresponde à intenção consciente de induzir alguém a cometer ou manter erro, com prejuízo para ele.”

“Dolo corresponde à intenção consciente de induzir alguém a cometer ou manter erro, com prejuízo para ele.”

Vejamos um outro trecho com Eco:

“A indicação da Comissão de Fiscalização causou comoção na população.”

Com a pesquisa vocabular, pode ser construída nova estrutura:

“Com lista de indicados, Comissão de Fiscalização causa abalo nos eleitores.”

Reescritura, diante da consulta em dicionários, deve ser um exercício constante do redator, jurista, executivo; aumento de vocabulário só vem com muito treino e muita leitura.

Proponho um exercício para quem busca mais clareza ao discursar: redija sobre um simples tema de sua área; grave (áudio e vídeo) sobre esse conteúdo. Feito isso, veja como está a fluência da mensagem: concordância, plurais, singulares, uso de conectivos, repetições, convencimento (didática) e noções sobre o tom imposto.

Com a constância (exercitando-se de segunda a sexta-feira), sua apresentação melhorará muito.

Fonte: Revista Exame