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Com contratações, setor da construção já sinaliza retomada das obras

Por toda Belo Horizonte, já são visíveis os sinais de retomada da construção civil. São canteiros de obras sendo instalados, a volta dos paineis anunciando os lançamentos e, nos sinais, a distribuição dos tradicionais folhetos de propaganda de prédios em construção. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon), no terceiro trimestre de 2019, na comparação com igual período do ano anterior, a alta foi de 4,4%, a maior dentre todos os setores de atividade. Foi a primeira vez que o setor cresceu desde 2013.

A retomada das obras significa, também, a geração de postos de trabalho, que cresceu tanto no Brasil, quanto na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e na Capital. De acordo com o Sinduscon, Belo Horizonte é a capital do País que mais gerou empregos com carteira assinada na construção entre janeiro e outubro de 2019.

Especificamente em relação ao mercado de trabalho dos engenheiros, depois de 52 meses seguidos de redução de postos de trabalho, os últimos quatro meses significaram a inversão dessa tendência, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Porém, o saldo, para a contratação de engenheiros, ainda é negativo em cerca de 46,7 mil postos de trabalho em todo o País. Isso sem contar os cerca de 400 mil engenheiros que se formaram durante a crise e que ainda estão fora do mercado (ver artigo nesta página).

Sempre que ocorre uma mudança brusca na economia, com a retração do crescimento, as empresas de contratação de mão de obra são as primeiras a sentiram o efeito. O mesmo ocorre na situação inversa. Os sinais de retomada também chegam primeiro a estas empresas.

Na ReggianiHunting, empresa especializada na contratação de profissionais mais especializados, os popularmente conhecidos “headhunters”, o fenômeno de reversão da curva começou a ser sentido há cerca de quatro meses, segundo afirmou Paulo Trajano, um dos sócios da empresa, em palestra durante a Semana do Engenheiro, na Sociedade Mineira de Engenheiros (SME).“Isso, hoje, é uma verdade e as expectativas para o ano que vem são muito boas”, afirmou Paulo Trajano.

Mudança de perfil – Segundo ele, entre o início da crise e a retomada, ocorreu também uma mudança no perfil do engenheiro. A principal delas é que o profissional precisa estar atento às novas funções que podem aparecer para ele, que não apenas à de elaboração de projetos e acompanhamento de obras. “Quando me formei, se perguntasse para 100% da minha turma o que iria fazer, jamais iria dizer que gostaria de ser engenheiro de vendas. Era como se ele fosse um subengenheiro. Hoje, a gente vê engenheiro terminando o curso e fazendo programa de treinee. Tem engenheiro de instrumentação e controle que está mexendo com marketing de cerveja”, afirmou o diretor da ReggianiHunting.

Nesse novo cenário, o engenheiro é sempre bem visto por tratar-se de um profissional que, segundo ele, aprendeu a pegar dados, juntar e tirar uma conclusão para aquilo utilizando a lógica. “As exigências técnicas mudaram de acordo com o que a tecnologia mudou”, afirmou Paulo Trajano. Nesse sentido, ele chama a atenção para a necessidade de o engenheiro estar aberto para as novas oportunidades de trabalho que estão surgindo.

Para o engenheiro Franclim Brito, reitor da Escola de Engenharia (EMGE) da Faculdade Dom Helder Câmara, o novo ciclo de crescimento da engenharia requer um profissional com um perfil novo, cujas habilidades envolvem o uso de novas tecnologias, a busca de novos formatos de negócios e a transversalidade da sustentabilidade como exigência da nova matriz de desenvolvimento. Focada nesses três eixos, a faculdade fez, recentemente, uma atualização de sua grade curricular. Otimista, ele afirma que os sinais da retomada começam a ser percebidos pela faculdade na forma de uma maior procura pelas matrículas no curso de engenharia civil. “Estamos começando a perceber uma demanda maior”, afirma Franclim Brito.

CONSELHOS QUE PODEM SER ÚTEIS

Se você quer aproveitar a retomada da construção civil e está atrás de um emprego, siga algumas dicas de Paulo Trajano:

O que o candidato precisa ter?

Postura, interesse pela vaga, equilíbrio emocional, motivação, imagem e autoestima.

O que pode ser favorável à escolha por ele?

  • Conhecimento acerca da empresa;
  • Boa construção de currículo;
  • Clareza de fala;
  • Domínio do assunto;
  • Bom astral e referências positivas.

O que pode eliminá-lo?

  • Falar mentira;
  • Insistência;
  • Informalidade imprópria;
  • Modificação das prioridades do cliente;
  • Bypass – buscar a vaga por outras formas na empresa que não a seleção;
  • Ansiedade descontrolada;
  • Prolixidade;
  • Exposição inadequada nas redes sociais;
  • Arrogância;
  • Ausência de requisitos básicos.

Fonte: Adaptado de Diário do Comércio